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Última Noite de Infância - Parte II

domingo, 26 de outubro de 2008

Algum tempo se passou e Amir ainda estava lá, agora rodeado de pessoas. Ele não percebera as pessoas ao seu lado, mas assim que um deles o cutucou ele logo avistou os amigos de seu irmão falecido.
- Não se preocupe, Amir, nós vamos nos vingar! – Disse um dos amigos de Otenos.
- Quem fez isto com meu irmão, Thelemus? – Indagou a quem se dirigiu a ele antes.
- Foram os do Norte. Já estamos nos preparando para nos vingar desses malditos! – Disse Thelemus.
- Eu quero ir com vocês! Eu quero me vingar! Meu irmão era tudo que eu tinha nessa vida! – Disse Amir, ainda mais nervoso.
- Não posso deixar você ir conosco. É muito perigoso para nós, quanto mais para ti. Teu irmão mesmo não deixaria. Fique aqui e se cuide. – Retrucou Thelemus.

Amir não ficou, muito menos se cuidou. Era muito jovem pra saber o que acontecia ali, mas estava disposto a aprender, pelo bem da alma de seu irmão. Seguiu Thelemus, Amphir e Gorgon, os três amigos que lutavam ao lado de Otenos antes da tragédia, sem que estes percebessem. O pequeno grupo, sem se dar conta, levou Amir justo onde queria, ao seu esconderijo. Lá chegando, teve iníco uma discussão:
- Que faremos agora, sem Otenos? – Perguntou Gorgon.
- Primeiro vem a vingança, depois decidiremos o futuro do nosso “bando”! –Amphir exclamou em tom decidido.
- Se acalmem vocês, temos de nos vingar sim, mas antes disso devemos planejar esta vingança, depois vem todo o resto. – Interrompe Thelemus.
- Eu tenho uma idéia. – Diz Amir, surgindo das sombras.
- Como chegou até aqui? Você nos seguiu? Mas... como? – Disse Thelemus, assustado.
- Isso não importa agora, o que importa é que eu quero me vingar do maldito que fez isto com Otenos! – Exclamou Amir.
- Mas Amir, é perigoso dema... - Ia dizendo Gorgon.
- Já disse que isso não importa! Minha vida não valerá nada se eu não fizer isto! – Interrompe Amir.
- Tudo bem, Amir! Você poderá particiar da vingança, mas você irá fazer o que a gente mandar e sempre ficará atrás de nós. – Ordenou Thelemus.
- Sem problemas. Só quero acabar com isso de uma vez. – Disse Amir, tomado de sede por vingança.

Os quatro conversaram durante algum tempo, pensando em como agir para atacar os do Norte. Em um dos momentos da discussão, ouviram uns ruídos vindos de algum lugar próximo a eles.

- São eles! São eles! – Murmurou Amphir para os outros.
- Ótimo! Que comece a batalha. – Disse Gorgon.
Os três saíram na frente, Amir saiu um pouco atrás, embora estivesse decidido, ainda tinha medo de lutar de verdade. A batalha foi muito simples: socos, chutes, cabeçadas, caneladas, sangue...Amir ficava meio afastado, quando surgia a oportunidade dava um de seus fortes golpes, depois se esquivava e se escondia novamente, foi fazendo isso até que a batalha terminasse. Mas não saiu intacto não, foi acertado algumas vezes. Seu rosto, outrora infantil, encontrava-se agora com calombos roxos, sangue e outras feridas. Ao fim da batalha estavam todos vivos, de ambos os grupos. Claro que isso não satisfez Amir. –Pensei que fossemos matar esses desgraçados!
- Calma, calma. Isso foi um ataque de reconhecimento deles, queriam ver se estávamos fracos sem nosso líder.
- Mas, como faremos pra nos vingar?
- Teremos que planejar algo muito bom. Eles não são um bando qualquer. Fato. Mas precisamos de um bom plano.
- Agora vamos voltar, precisamos nos recuperar. Venha, Amir, para minha casa. Eu cuidarei de você. – Completou Thelemus, antes de partirem para suas casas.

Caminharam um ajudando ao outro. Estavam exaustos. Amir não conseguia andar, precisou ser carregado no colo. Caminharam bastante até voltar à cidade. O corpo de Otenos já não se encontrava mais ali. Amir estava inconsciente. Os outros pararam por um momento no local do assassinato, abaixaram suas cabeças e por um momento refletiram.
O silêncio que tomava conta do local soava triste. Eles logo se despediram e para casa foram...

Última Noite de Infância - Parte I

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Chryon se punha no horizonte, enqüanto Dru e Kino ainda corriam atrás dele. Sempre fora excepcional nas atividades físicas, era amigo de todos e sempre apartava as brigas da turma. Não deixava que brigassem, mas se alguém desrespeitasse essa única e simples regra nas brincadeiras, ele não hesitava em bater nos seus companheiros para que a ordem prevalecesse.
Sempre ao pôr-do-Chryon eles voltavam à cidade, pois seus pais não achavam seguro brincar à noite e Amir tinha algo que achava muito especial para fazer quando retornava todos os dias para casa: treinar artes da luta com seu irmão mais velho.
Os amigos caminharam de volta à cidade, brincando, cantando... enfim, estavam felizes por mais um dia de brincadeiras. Ao chegarem aos portões da cidade, eles se despediram e cada um tomou seu rumo para casa.
Porém, hoje era um dia diferente para Amir: seu irmão não se encontrava em casa, nem até onde sua visão alcançava. Provavelmente estava com seus amigos, era meio incomum, mas a opção mais reconfortante para Amir, que já era maduro o bastante pra saber dos perigos que haviam, tanto ao redor quanto dentro do reino.
Resolveu parar de se preocupar, se encaminhou para oferecer ajuda a um velho comerciante, amigo da família, – que se constituía somente de Amir e seu irmão, Otenos – mas o que encontrou pelo caminho lhe trouxe uma dor terrível, nunca sentida antes, nem mesmo pela morte de seus pais. Ali estava seu irmão, pendurado numa forca no meio do caminho. As pessoas passavam sem ligar, com exceção de uma, conhecida de Amir, um amigo de seu irmão.

Lágrimas começaram a cair de seus olhos. Pálido, não conseguia entender aquilo... ou melhor, não queria aceitar aquilo. Otenos era sua única família e o único a quem Amir, como ele mesmo dizia, dava a “honra de ter seu respeito”. Perdê-lo significava perder o sentido de viver. Amir correu em direção ao corpo tendo em mente que aquilo era só uma brincadeira.

- Otenos, vamos logo. Chega dessa brincadeira! – Disse Amir, não acreditando na realidade.

Logo a isso, pôs-se a chorar, mas ao mesmo tempo em que seu coração se enchia de tristeza ele se enchia de sede... por vingança!
O amigo que ali estava presente tentava consolar Amir, mas nada adiantava. Seu coração se enfurecia mais a cada segundo e a tristeza parecia que sumia com o ódio que estava tomando seu coração.

- Eu vou me vingar, Otenos! – Disse Amir.

E com essas palavras ele se levantou e enxugou suas lágrimas. Já não havia mais tristeza em seu coração. Sua cabeça latejava de dor e, alucinado, ouvia apenas uma palavra...


... vingança!

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